quarta-feira, 4 de maio de 2011

UM MUNDO SEM HERÓIS




O ser humano é movido a quê? Existem momentos em que os milênios não parecem fazer diferença e a palavra evolução fica perdida em meio a tantas emoções bárbaras. No início da madrugada de 2 de maio de 2011, horário de Brasília, o presidente Barack Obama veio a público prestar contas da sua campanha ao povo norte americano. Veio para dizer que uma de suas metas estava cumprida, Osama Bin Laden estava morto.
A reação dos americanos foi, de certa forma, esperada, afinal, tudo se torna espetáculo naquele país, tudo parece falso e exagerado demais por lá, terra dos sonhos e de grandes pesadelos.
Pessoas de todas as idades saíram pelas ruas cantando, pulando, gritando e glorificando Obama e os soldados que conseguiram o feito épico. Era o fim de um filme sangrento que começou décadas atrás quando um jovem árabe que combatia soviéticos no Afeganistão recebeu treinamento e armas do governo americano para levar adiante sua luta. Após esse episódio o árabe, de família rica e aliada incondicional dos EUA, olhou o mundo em volta, a religião muçulmana, e decidiu mudar o que julgava errado. Inventou uma guerra santa, deturpou as palavras da Tora, recrutou aliados que gostaram dessas idéias radicais e fundou um grupo que ficaria conhecido mundialmente como A Base. A partir daí saiu explodindo coisas e pessoas (principalmente ocidentais) indiscriminadamente para fazer valer seus pontos de vista.
Bin Laden mudou não apenas a vida de alguns muçulmanos, mas de todo os EUA, Afeganistão, Iraque, Paquistão e adjacências. Graças a ele mundo descobriu que aviões comerciais podem ser usados como mísseis e atacar os americanos não é coisa tão difícil assim, basta dedicação e competência.
A partir de 2001, George Bush se tornou um dos presidentes mais aclamados de todos os tempos. Restringiu direitos civis, invadiu o Afeganistão, o Iraque, onde prendeu e patrocinou a execução de Saddan Hussein, fez do mundo um quintal a ser ‘protegido’ do Eixo do Mal. A velha história do lobo protegendo o galinheiro.
O certo é que nada mexeu mais com os EUA, e com o imaginário popular, nos últimos tempos do que Bin Laden. Virou paródia, mito, e de vez em quando aparecia em vídeos feitos em cavernas para falar de sua guerra. Caetano Veloso vendo um desses videos disse que Obama era bonito, e isso denotava a popularidade do homem.
A Base não foi à frente, mas o grupo de Bin Laden se pulverizou pela Europa e Ásia, como uma franquia, tipo Mcdonalds. Se alguém explodia uma carrocinha de pipoca ou um banco, alegava fazer parte da Base, de Bin Laden.
Graças a Bin, Obama provavelmente conseguirá a reeleição e a política norte americana, apesar da crise financeira, do petróleo, do avanço da China, continuará dando as ordens.
Em resumo, os EUA usaram o árabe para justificar a verdadeira política de terror que passaram a implementar a partir de 2001. Dizia-se, diz-se, que o objetivo era combater o terror. Mas, que terror? Se Bin Laden e esses orientais que desprezam a vida são perigosos com seus ataques aqui e ali, o que dizer dos ataques oficiais realizados pelos poderes legalmente instituídos?
O povo levou Hitler ao poder, levou George Bush, pai e filho, ao poder, aceitou Saddan Hussein, exaltou Mao Tse Tung, Julio Cesar, Herodes e milhares de outros. Cada uma dessas pessoas foi responsável pelo massacre de milhares. Todos eles praticaram o verdadeiro terror, invadiram, mataram, estupraram e desprezaram a vida humana em todos os sentidos. E, claro, todos tinham o respaldo de seus conterrâneos.
Assim, ver americanos nas ruas comemorando um assassinato tão sujo quanto os cometidos pelos terroristas islâmicos (as agências de espionagem já admitiram publicamente a tortura violenta de prisioneiros e também que Bin Laden nem armado estava quando foi encontrado e assassinado a sangue frio), como se estivessem no Natal ou no ano novo, rindo, berrando como alucinados é algo que preocupa mais do que ver fanáticos religiosos enrolados em panos velhos.

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