terça-feira, 20 de julho de 2010

O NADA é ETERNO




A vida, tão cheia de sofrimentos, angustias, resignações e perdas. O nascimento é o primeiro passo para o fim, a sentença de morte. A partir daquele dia o que há é uma contagem regressiva, uma trilha que pode ser longa ou extremamente curta. Para piorar o cenário, pode ser interrompida a qualquer instante.
Voce pode ter uma infancia feliz, mas vai chorar e se frustrar demais. Será levado para lugares onde não quer ir, encontrará amigos e logo terá que deixá-los para trás, ou será deixado por eles. Adultos vão gritar, berrar com voce e talvez até lhe bater. Dirão que essas experiencias são necessárias para seu crescimento. Dirão mentiras para se justificarem. E você vai repetí-las.
Depois, seus hormônios vão explodir e você vai se apaixonar por alguem que não vai lhe corresponder. Aí, voce vai pensar que o mundo vai acabar por causa disso. Logo depois perceberá que nada acabou ao redor, mas a sensação vai se repetir várias vezes. Ou então, você se dará muito bem, será a sensação e vai perder a noção do que realmente deveria importar em um relacionamento.
Bem, você vai ouvir falar do bem e do mal. De pessoas boas e más. E vai descobrir que isso é pura bobagem. Quem sabe voce passa a acreditar em alguma religião. Isso é bom, porque a vida terá o sentido que seu pastor, papa etc disser para voce. É bom, é cômodo. Se está ‘escrito’ então é verdade. Não importa quem escreveu nem que o livro seja repleto de coisas que você nunca vai entender. Isso também é ruim, porque você não terá escolhas a fazer.
Após um período em que você vai acreditar em tudo, passará a duvidar de tudo. Vai contestar seus pais, vai querer salvar o mundo ou modificá-lo... mas não saberá em que isso vai mudar as coisas na sua vida. Pior, vai saber que muita gente pensa da mesma forma. Cada um pensando em seu próprio mundo. E vai descobrir que só com muuuuito dinheiro você muda alguma coisa. Mesmo assim, só na aparencia.
Vai ter decepções com amigos, parentes e amores. Vai trabalhar, ter a profissão que escolheu, e descobrir que é feliz... mas que isso é como uma droga, dura alguns segundos apenas.
Vai casar, ter filho, brigar com a mulher, com os filhos. Vai querer outro amor e descobrir que o amor também é simplesmente uma fuga.
Vai sofrer ao olhar para tras (por nostalgia ou pelas chances que perdeu) e para o futuro, que nunca será igual ao que você imaginou.
Verá seus amigos e parentes morrerem e por mais que queira se enganar, em alguns momentos terá a exata noção de que anda numa ponte sobre um abismo, e que a ponte termina em algum lugar, logo ali. Mas, você raramente terá a oportunidade de saber onde é ‘ali’.
E assim, no fim, se envelhecer, ficará doente, indefeso, dependendo de outras pessoas, que você nem lembrará quem são. Seu corpo, tão decantado, será uma máquina velha, cheia de defeitos. Morrerá com suas idéias e seus sonhos (se os realizou, se não, não importará. Não será mais que uma sensação breve) e deixará para outros a explicação do por que voce teve que ir. Ir.. pra onde?

sexta-feira, 9 de julho de 2010

UM




Um dos temas que está presente todos os dias em qualquer parte do mundo é Deus. As definições que lhe dão são tão simplórias quanto incompreensíveis, dentro do que pode haver de explicação a nivel humano. Aliás, a limitação humana pode ser a chave do problema.
No início, a natureza era Deus. Havia uma coerencia ao se observar o sol, a lua, as estrelas, a chuva, uma manha de primavera. Aí, quando se percebeu que o fogo causava mais estragos que seus concorrentes, passou-se a ter uma certa convicção de que Deus era o fogo. O fogo criador, o fogo inextingível, o fogo que destrói o inimigo, e por aí vai. A violência norteou essa definição e até hoje inlfuencia o planeta.
O problema é que não ter a forma humana causava um certo incômodo. Aí, surgiram as primeiras tradições orais, depois escritas e agora digitadas. Quem escreveu a Bíblia (E FOI UM HUMANO!) decidiu que Deus nos fez à sua imagem e semelhança. Uma idéia que demonstra toda a arrogancia de nossa espécie, pois essa comparação de alguma maneira nos favorece e complica Deus. Além disso, Ele, supostamente, escolheu um povo, contrariando assim a máxima de que Deus não faz distinção entre pessoas.

Seria Ele um negro? Seria branco de olhos azuis? moreno e forte? velho? novo? barbudo? e que diferença isso faria, afinal?

Deus, esse enigma que permeia nossa existência, parece um abismo, tão profundo que dormimos ao cair e temos sonhos sobre o que há lá dentro. Deus É! Ponto.

A evolução só nos trouxe novos problemas, e a questão divina não ficou fora disso. Coloque numa sala um palestino, um israelense, um muçulmano e um inglês e pergunte como é o Deus de cada um. As respostas, provavelmente, terão em comum o fato de Deus ser justo. Deus é justiça. Mas, esse conceito, assim como ‘n' outros, é relativo. É justo que o povo palestino não tenha direito às terras que reinvindicam? É justo que o Irã não possa ter armas nucleares enquanto os EUA podem destruir isso aqui quantas vezes quiserem? É justo que você chegue na padaria cheio de vontade e o padeiro lhe diga que o sonho acabou? Tsc tsc
Por não conseguirmos lidar como as barreiras do dia a dia precisamos de uma zona de conforto, que podemos chamar de Deus. Nele depositamos nossas esperanças, nossos sonhos e nosso marasmo. Esperamos que Ele resolva nossos problemas e sempre apelamos em casos mais difíceis.
O fato é que cada um de nós tem seu Deus, pois Ele é fruto do que aprendemos na vida e das percepções que advem daí. Podemos pensar que Ele é o mesmo para todas as pessoas, desde que não paremos para trocar idéias. Afinal, em qualquer guerra, Deus é chamado para defender esse ou aquele país ao mesmo tempo. Isso prova que existe acepção de pessoas, visto que num confronto muitos morrerão? Mas... com certeza dirão que Deus estava do lado de quem venceu. Pior do que isso é ouvir máximas como: "a voz do povo é a voz de Deus", claro que não é, pois como todo mundo sabe, a voz do povo é a voz da Globo.
Tem um pagode que sugere a possibilidade de Deus estar de saco cheio, porque tudo que acontece por aqui, a gente coloca Ele no meio. Existe sabedoria nesses versos simples.

Fico me perguntando se Deus consegue sentir. Se Ele não nasceu, não cresceu, vive sozinho, nunca teve pais ou irmãos ou amigos, como pode entender as súplicas que lhe são feitas? Deus é Amor, mas, o que é o amor, de que é feito? Medimos o amor e Deus pelos nossos umbigos.

terça-feira, 6 de julho de 2010

DIGA-ME QUEM ESCALAS QUE TE DIREI QUEM ÉS





COPA DO MUNDO, ah, que saudade! E olha que ainda não acabou, a final é no domingo e hoje ainda é terça-feira, antes da primeira semifinal, entre o improvável Uruguai e a dedicada Holanda, que nos eliminou. Aliás, eliminou o Dunga.
Diferente das outras copas, pouca gente foi de livre e espontânea vontade às ruas, e se não houvesse uma competição patrocinada pela Globo, seria ainda pior. Bem, talvez essa apatia fosse o reflexo perfeito da seleção brasileira. Apesar da união alardeada, do perfeito entrosamento decantado e da disciplina tática por tras dos portões fechados, pouca gente acreditava de fato que seriamos compeões. E quem achava isso tinha que ser avaliado, certamente havia teor alcoolico acima dos niveis normais no organismo. Ou pior, talvez fossem casos de uma doença slogânica chamada: "Sou brasileiro, não desisto nunca!". Algum engraçadinho da publicidade inventou isso e a tv se incumbiu de colocar nos cérebros de milhoes de brasileiros. Parreira tinha razão quando disse que o povo é uma caixa de ressonância.
Como todo ‘bom’ treinador, Dunga tinha suas preferências, suas idiossincrasias e suas maluquices. Ele é um homem obstinado com um sonho: todo grupo tem que parecer um exército numa guerra. E por isso, ele fez Robinho pagar 500 flexões por sorriso que escapasse em alguma entrevista. Deu certo. No último jogo, o garoto das pedaladas virou um monstro e quase engoliu, literalmente, um adversário holandês. Quem tem tv high fulll definition plus master consegiu sentir até o bafo.
Kaká era o centro das atenções da mídia, principalmente do Galvão Bueno, que é uma mídia e resolveu achar que o camisa 10 era muito mais do que um dia foi. Sem contar com o fato de que o atleta estava mal fisicamente, apesar dos desmentidos do médico Runco (repararam como esse médico parece estar sempre bêbado ou com sono?). O mesmo médico que garantiu que Julio Cesar estava perfeito, até que no segundo jogo ele caiu e todo mundo pôde ver que havia uma armadura por baixo da camisa. Claro, era mesmo uma guerra.
Mentiras sinceras, dirão, afinal, se soubéssemos o que já sabíamos mas fingíamos que não percebíamos, seria mais fácil imaginar uma desclassificação antecipada. E como ia ficar o feriado em dia de jogo?
A máxima de todo treinador sensato é: "Vou chamar quem estiver bem no momento!". Tudo bem, concordo... mas por que o sósia do Arnold Sharzenegger chamou o Luis Fabiano? E por que o Galvão Bueno acha que ele é fabuloso? O cara não fazia gol há uns 9 meses. Na Copa, marcou contra Costa do Marfin e o Chile, mas nos jogos de verdade, contra seleçoes completas, Portugal e Holanda, ele não apareceu em campo.
Julio Cesar foi mais um ator de filme patriótico do que jogador, e suas lágrimas, que demoraram a sair, pareciam constar de um script pronto. Nada contra o goleiro, que é mesmo um dos melhores do mundo, mas essa lenga lenga toda não nos levou a nada. E mais, se era um mata-mata, era melhor levar o Bruno.
Agora, falar da seleção e não falar de Felipe Melo, é ligar a tv num domingo e não ver o Silvio Santos. O que foi aquilo? QUEM DISSE QUE ESSE FELIPE MELO é jogador de seleção? Um atleta que tem como hobby colecionar cartões amarelos e vermelhos não é uma opção. Pois bem, esse rapaz consegiu entrar para a história como o grande vilão de 2010, aquele que será sempre lembrado como... como muita coisa impublicável. Qual o prazer que ele sentiu ao pisar no velho holandes, Robben? E quando quase decaptou um jogador de Portugal? E quando resolveu brincar de estátua e não marcou o jogador da Holanda que estava ao seu lado e calmamente se posicionou para marcar o gol da vitória? Não, Felipe Melo virou um fantasma, alguem que vai nos apavorar por muito tempo.
Assim, essa foi a Copa do Maradona, do técnico melequento da Alemanha e sua jovem seleção de ótimos jogadores... e do Dunga, que perdeu a guerra dos seus sonhos.