sexta-feira, 9 de julho de 2010

UM




Um dos temas que está presente todos os dias em qualquer parte do mundo é Deus. As definições que lhe dão são tão simplórias quanto incompreensíveis, dentro do que pode haver de explicação a nivel humano. Aliás, a limitação humana pode ser a chave do problema.
No início, a natureza era Deus. Havia uma coerencia ao se observar o sol, a lua, as estrelas, a chuva, uma manha de primavera. Aí, quando se percebeu que o fogo causava mais estragos que seus concorrentes, passou-se a ter uma certa convicção de que Deus era o fogo. O fogo criador, o fogo inextingível, o fogo que destrói o inimigo, e por aí vai. A violência norteou essa definição e até hoje inlfuencia o planeta.
O problema é que não ter a forma humana causava um certo incômodo. Aí, surgiram as primeiras tradições orais, depois escritas e agora digitadas. Quem escreveu a Bíblia (E FOI UM HUMANO!) decidiu que Deus nos fez à sua imagem e semelhança. Uma idéia que demonstra toda a arrogancia de nossa espécie, pois essa comparação de alguma maneira nos favorece e complica Deus. Além disso, Ele, supostamente, escolheu um povo, contrariando assim a máxima de que Deus não faz distinção entre pessoas.

Seria Ele um negro? Seria branco de olhos azuis? moreno e forte? velho? novo? barbudo? e que diferença isso faria, afinal?

Deus, esse enigma que permeia nossa existência, parece um abismo, tão profundo que dormimos ao cair e temos sonhos sobre o que há lá dentro. Deus É! Ponto.

A evolução só nos trouxe novos problemas, e a questão divina não ficou fora disso. Coloque numa sala um palestino, um israelense, um muçulmano e um inglês e pergunte como é o Deus de cada um. As respostas, provavelmente, terão em comum o fato de Deus ser justo. Deus é justiça. Mas, esse conceito, assim como ‘n' outros, é relativo. É justo que o povo palestino não tenha direito às terras que reinvindicam? É justo que o Irã não possa ter armas nucleares enquanto os EUA podem destruir isso aqui quantas vezes quiserem? É justo que você chegue na padaria cheio de vontade e o padeiro lhe diga que o sonho acabou? Tsc tsc
Por não conseguirmos lidar como as barreiras do dia a dia precisamos de uma zona de conforto, que podemos chamar de Deus. Nele depositamos nossas esperanças, nossos sonhos e nosso marasmo. Esperamos que Ele resolva nossos problemas e sempre apelamos em casos mais difíceis.
O fato é que cada um de nós tem seu Deus, pois Ele é fruto do que aprendemos na vida e das percepções que advem daí. Podemos pensar que Ele é o mesmo para todas as pessoas, desde que não paremos para trocar idéias. Afinal, em qualquer guerra, Deus é chamado para defender esse ou aquele país ao mesmo tempo. Isso prova que existe acepção de pessoas, visto que num confronto muitos morrerão? Mas... com certeza dirão que Deus estava do lado de quem venceu. Pior do que isso é ouvir máximas como: "a voz do povo é a voz de Deus", claro que não é, pois como todo mundo sabe, a voz do povo é a voz da Globo.
Tem um pagode que sugere a possibilidade de Deus estar de saco cheio, porque tudo que acontece por aqui, a gente coloca Ele no meio. Existe sabedoria nesses versos simples.

Fico me perguntando se Deus consegue sentir. Se Ele não nasceu, não cresceu, vive sozinho, nunca teve pais ou irmãos ou amigos, como pode entender as súplicas que lhe são feitas? Deus é Amor, mas, o que é o amor, de que é feito? Medimos o amor e Deus pelos nossos umbigos.

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