Os anos passam, as melhores amizades não. Por isso, mais uma vez a galera do vôlei de 1982 resolveu se reunir. Na verdade, Marcelo, uma espécie de espírito dos verões passados, resolveu chamar todo mundo. Uma lenda diz que se essa reunião não acontecer de tempos em tempos, Marcelo desaparecerá do inconsciente coletivo e os anos de SUDERJ não serão lembrados por ninguém.
O local escolhido foi o bar CAÇADOR, na Tijuca. O ex-levantador Jorge olhou o bar, meio cabreiro, não acreditava que o pessoal apareceria. Logo percebeu um velho, cabelos grisalhos e olhos vagamente azuis, o observando. Depois o velho sorriu. Jorge já estava pensando em perguntar o que aquela figura estava olhando. Aí, percebeu que se tratava de Edmundo. Sim, uma das peças-chave do time campeão de 1982/83. Pouco sobrou do galã que arrasava corações. Agora Ed parecia uma espécie de Miguel Falabella descontextualizado.
Aos poucos as figuras foram surgindo da aurora dos tempos. Marcos, outro levantador célebre, chegou alegre e rotundo. Tornou-se um professor semi-obeso e manteve o tom crítico e simpático de outrora; Marcelo, o espírito que anda, chegou alegre e emocionado, claro; Édio, que nos anos de SUDERJ fazia caminhadas ecológicas para ‘enturmar’ as novas meninas da turma, veio com a esposa, que não sabia de seu passado e por isso ainda o ama muito; Tarciso, que pesava 27 quilos no vôlei, mudou muito e agora tem 127. De fato, virou um clone pesado de Zeca Pagodinho. O humor continou intacto; Acácio (cujo nome de batismo é Marcos) chegou cheio de gás e energéticos. Alguem perguntou se ele havia parado de tomar bomba, e ele respondeu: "Parei sim. Tem uns 5 minutos!". Acácio era o brincalhão de sempre, por isso mesmo se tornou uma caricatura, abandonanado de vez a forma humana. Ah, e pra não dizer que não falei das mulheres. Beth representou as meninas. Ela continua usando receitas de formol e botox e pouco muda.
Pra provar que nada mudou, Marcelo lembrou a vez em que Acacio e Edmundo nadaram pelados na piscina do Julio Delamare (esse episódio é um ritual e deve ser lembrado em todos os encontros). Depois de tanto tempo, como os fatos não mudam, as pessoas tentam lembrá-los de outra forma. Assim, continuam engraçados.
Entretanto, algo começa a preocupar. Marcelo trouxe fotos antigas, só que a maioria não conseguiu enxergá-las sem óculos, e pior... Edmundo está com Alzhaimer. Ele olhava as pessoas e não reconhecia ninguém. Não reconheceu nem ele mesmo "Ih... esse cara aqui parece alguem que eu conheço... estranho!" tsc tsc, Triste isso. Édio revelou que tentou vários implantes, mas a calvície ganhou a parada, e como seus cabelos agora só crecem para os lados ele pensa em imitar o BOZO, um velho personagem infantil, e animar festas. O papo, que antes era sobre partidas empolgantes, garotas sensacionais virou outra coisa. Agora, cada um conta que remédio está tomando; falam dos filhos (que já são mais velhos do que os pais no tempo de SUDERJ) etc.
Um momento perfeito foi o brinde ao eterno Vitor, que está jogando numa quadra lá na cobertura.
Mas, nem tudo está perdido, pois o brilho no olhar continua o mesmo em cada um deles. Marcelo, através de controle mental, fez com que todos se sentissem felizes, ainda que não soubessem ao certo o que faziam ali.
Lá pelas tantas, surgiram as inevitáveis idéias para um encontro maior na casa de alguém. Sugestões ébrias para cá e para lá, a mais interessante parecia ser a de Marcelo, que convidou todos para sua casa em Angra.
Enquanto tratavam da lista de apetrechos necessários, Marcelo foi explicando como era a casa. Não era grande, nem luxuosa. Na verdade, era simples, e bem apertada. Não ficava de frente para a praia. Mas ficava a apenas uma hora de lá. Não era no centro de Angra, e quem precisava de tumulto? O fato de não ter luz chegava a ser romântico. Não tinha água quente. Aliás, nem água tinha. Mas havia um poço. Os ânimos só arrefeceram quando Marcelo falou que o lugar era bem calmo, a não ser por uma onça, que de vez em quando rondava a casa. Bem, Angra ficaria para uma outra ocasião.
De certo, fica a sensação de que existe um ‘que’ de eternidade envolvendo essas pessoas especiais, os grandes amigos que tiveram a sorte (ou seria Destino) de se encontrarem em um lugar e tempo especiais. Mudaram as estações e nada mudou.
Quem disse que o ‘pra sempre’ sempre acaba?
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
40
Beatles, Lua e Internet. Em comum, chegam à casa dos 40 anos. No distante, e cada vez mais emblemático, ano de 1969 coisas aconteciam com alguma explicação. Na época, o mundo ainda era grande pra caramba, muita coisa que aocntecia no primeiro mundo demorava meses para aportar aqui.
Enquanto um sonho acabava, outros entravam em cena, e nada do que foi seria de novo do jeito que já foi um dia. Em Abbey Road, 4 caras atravessavam uma rua em direção à memória, à eternidade. Era a última caminhada de um grupo que foi o centro das atenções naqueles idolatrados anos 60, que começaram com jaquetas de couro, calças apertadas, botas e muito gel nos cabelos e terminavam com a utopia hippie de paz e amor, baseada em natureza, drogas e sexo. Depois de sacudir o mundo com suas músicas simples e muita ironia, os Beatles buscavam novos espaços. Apesar do talento, separados eles foram apenas John, Paul, George e Ringo.
De cabo Canaveral partia a Apollo 11. O homem chegava à lua (?!). Se foram, ao pisar em solo lunar, Neil Armstrong deu um gigantesco passo na aventura humana. Ao mesmo tempo, percebeu toda a insignificância de nosso planeta em relação ao universo. Os papas da Idade Média optariam pelo suicídio naquele instante. Por aqui, milhões acompanhavam cada detalhe: as sombras difusas, apesar de haver apenas uma fonte de luz – o sol; a bandeira americana tremulando, apesar de não haver como uma bandeira tremular naquele lugar; a pegada do astronauta, apesar da falta de gravidade, que tornaria a tal pegada algo bem difícil. E na época ninguem perguntou quem segurava a câmera que filmou Armstrong pisando na lua. Se ele foi o primeiro humano a pisar na lua, o câmera era um alienígena... mistério.
Também na casa dos quarenta está a internet. Sim, ela que permite que você leia esse blog, que possibilita encurtar o mundo todo e se comunicar com quem quisermos na hora que bem entendermos. A internet, um brinquedinho de guerra que se tornou a melhor extensão de nossas pretensões. Com seu jeito intimidador e ao mesmo tempo hipnotizante, ela tem o melhor e o pior do ser humano no mesmo lugar. Na internet se ama, marcam-se encontros e massacres, cria-se mundos e discute-se absolutamente tudo, sem chegar a alguam conclusão satisfatória.
Se o mundo parecia veloz, agora entrou na velocidade do pensamento. E o mais interessante é que a evolução tecnológica é tão avassaladora que é capaz de modificar o mundo de uma maneira indelével, ainda que muitos finjam não ver.
Na internet, com seus recursos infinitos, todas as tribos são iguais (tá, são parecidas... ok, se toleram), desde que saibam como navegar. E olha que o poeta certamente nunca imaginou um giga sequer ao dizer que: Navegar é preciso, viver não é preciso.
De certa forma, 1969 foi o primeiro ano do resto de nossas vidas.
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
De Todas as Maneiras
O mundo é tão grande, tão cheio de tudo e de todas as coisas. Coisas Pequenas, galáxias distantes que cabem na palma da mão ou no fundo do olhar de um alguém. Coisas grandes, como um sonho que escapa, que se vai e jamais fica longe.
Tão intrigante e belo, tão cheio de contradições, esse mundo de meu Deus, de seu Deus e do Deus de todo mundo (até de quem não O tem). E quando tudo acaba, nada se perde, tudo se transforma, tudo se cria, e nunca é da forma que se pensa, que se espera... mas É.
O passado se parece, dessa vez, menos com o que foi e a cada dia fica mais perto do que só existe dentro de nós. Ainda assim, parece de todo perfeito e talvez seja preciso, pois o futuro vem e vai em ondas que não percebemos até que seja tarde demais, e já foi, e está aqui, e vem, de novo.
Ninguém é mais o mesmo, nunca foi, nem por um segundo, que pelo mundo desfaz dias, mitos, ritos. Gotas de chuva inundam o rio que transforma todo querer. E o que era eu, não mais está aqui, é como uma certeza que não faz mais sentido, que aproveitou sua chance e tempo, que tinha o que fazer e agora nem tem como ser. Quem inventou o amor?
Todos olham a mesma coisa e ela é diferente, ouvem a mesma canção e viajam por tempos e lugares que de tão particulares, de tão indivizíveis, são perceptíveis àqueles que se permitem apenas por não perceberem que toda eternidade está guardada em um segundo.
E dizer ‘te amo’ é tão simples quanto é difícil amar. Que meu amor, então, seja algo simples, mas que seja perfeito, que faça sombra, guarde segredos, universos, e não morra nem se perca em outra pessoa, senão, meu já não é, mas de todo mundo. E ser igual é o que todo diferente é.
Quem inventou essa noite fria, de vento forte, de raios que iluminam mares e céus profundos? Quem inventou essa tarde de brisa leve, que parece dizer ‘tá tudo bem’? Quem inventou essa manhã de céu azul, cheia de cores e grandes esperanças, a cantar ‘o mundo começa agora...’?
Sou eu, sou você, sou todo mundo.
Tão intrigante e belo, tão cheio de contradições, esse mundo de meu Deus, de seu Deus e do Deus de todo mundo (até de quem não O tem). E quando tudo acaba, nada se perde, tudo se transforma, tudo se cria, e nunca é da forma que se pensa, que se espera... mas É.
O passado se parece, dessa vez, menos com o que foi e a cada dia fica mais perto do que só existe dentro de nós. Ainda assim, parece de todo perfeito e talvez seja preciso, pois o futuro vem e vai em ondas que não percebemos até que seja tarde demais, e já foi, e está aqui, e vem, de novo.
Ninguém é mais o mesmo, nunca foi, nem por um segundo, que pelo mundo desfaz dias, mitos, ritos. Gotas de chuva inundam o rio que transforma todo querer. E o que era eu, não mais está aqui, é como uma certeza que não faz mais sentido, que aproveitou sua chance e tempo, que tinha o que fazer e agora nem tem como ser. Quem inventou o amor?
Todos olham a mesma coisa e ela é diferente, ouvem a mesma canção e viajam por tempos e lugares que de tão particulares, de tão indivizíveis, são perceptíveis àqueles que se permitem apenas por não perceberem que toda eternidade está guardada em um segundo.
E dizer ‘te amo’ é tão simples quanto é difícil amar. Que meu amor, então, seja algo simples, mas que seja perfeito, que faça sombra, guarde segredos, universos, e não morra nem se perca em outra pessoa, senão, meu já não é, mas de todo mundo. E ser igual é o que todo diferente é.
Quem inventou essa noite fria, de vento forte, de raios que iluminam mares e céus profundos? Quem inventou essa tarde de brisa leve, que parece dizer ‘tá tudo bem’? Quem inventou essa manhã de céu azul, cheia de cores e grandes esperanças, a cantar ‘o mundo começa agora...’?
Sou eu, sou você, sou todo mundo.
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