sexta-feira, 3 de julho de 2009

O TEATRO DOS VAMPIROS , ou "Someday we will die in your dreams, How I wish we were here with you now".





EXISTE beleza na dor? A questão pode ser retórica, mas quando Michael Jackson resolve partir definitivamente para Neverland, ela ressurge como nuvens pesadas em um horizonte cinza.
Alguns artistas fazem de seus tormentos obras de rara beleza, e assim acabam se perpetuando no imaginário popular, tornando-se algo maior, mais intenso e mais destrutivo do que poderíamos imaginar. O sucesso, a fama e a tragédia, vez por outra caminham juntos, de mãos dadas.
Nosso mundo emergencial traz explicita uma sentença: Gire as engrenagens, ou seja destroçado por elas. O showbussiness é uma dessas engrenagens, um dos elos fundamentais numa sociedade que se alimenta de ego, dinheiro e abstrações.
Janes Joplin, Jimi Hendrix, Brian Jones e Jim Morrisson, mortos aos 27 anos, tornaram-se exemplos de como as estrelas mais brilhantes se consomem rapidamente. Nesses casos, as drogas foram responsabilizadas pelos trágicos e prematuros desfechos. Mas, ao tomarmos conhecimento da vida desses músicos percebemos que as drogas eram o alívio, vistas como única alternativa para continuar a jornada. Ou interrompê-la.
Jim Morrisson definia o público como um vampiro insaciável, que sugava até a última gota de sangue de seus ‘ídolos’. É como se um artista qualquer desejasse muito fazer sucesso, ter fama, sexo a vontade, milhões na conta bancária e conseguisse exatamente isso. Mas, o preço a se pagar é caro.
Ian Curtis, morto em maio de 1980 aos 23 anos, era o vocalista da banda inlgesa Joy Division. Epilético, fazia de seu problema um motivo de arrebatamento dos fãs. Ele dançava de uma maneira desengonçada imitando, inconscientemente, os espamos da epilepsia. Certa vez, teve um ataque no palco, caindo em cima da bateria de maneira violenta. A platéia delirou.
Curt Cobain, aos 27 anos, em 1994, foi encontrado morto em seu apartamento. Em comum, todos os citados até aqui cometeram suicídio. Seja pela ingestão de drogas, alcool ou pelo estampido de um revolver, eles deram cabo da própria vida. Optaram por isso.
Elvis Presley e Michael Jackson não fogem à regra. A ingestão alucinada de medicamentos é uma das maneiras mais eficazes de suicídio. Elvis, em seus últimos anos, tranformara-se numa auto-paródia. Suas aparições públicas eram um espetáculo bizarro, e a cena dele distribuindo toalhinhas ensopadas de suor para senhoras alucinadas no Madson Square Garden é algo inesquecível. Michael, por sua vez, repetia os mesmos passos e gritinhos há vários anos, e pelo vídeo dos ensaios do que seria sua nova turnê nada mudaria.
Essas pessoas conquistaram o mundo, ou uma boa parcela dele. Subiram a montanha mais alta, de onde se pode ver crianças frágeis, adolescentes histéricos, adultos entediados e velhos saudosistas, todos gritando seus nomes, idolatrando-os. E, ao contemplar esse abismo perceberam que haviam criado e alimentado uma massa triste, perdida, insaciável, que precisa de refereciais, de deuses para adorar.
Artistas assim enriqueceram donos de gravadoras e fornecedores de drogas, em troca receberam o palco, a luz cegante da ribalta.
Esses jovens, e assim serão eternamente, morreram sozinhos em seus apartamentos, cheios de dor e melancolia. Suas biografias, ao mesmo tempo em que os humanizam, que tocam seus pés de barro, os tornam ainda mais rentáveis para a industria que os produziu. Um círculo vicioso.
Essa mesma indústria jamais admitirá que a morte era a única saída para cada um desses artistas, incapazes de conviver com o anonimato, de voltar à caverna, de serem normais. E quem é normal?
Nesse universo estranho, existe até bolsa de apostas sobre quem vai ser o próximo a ir embora. O nome escolhido é Amy Winhouse, afinal, ela tem tudo que é necessário para entrar no halll da eternidade: É jovem, talentosa demais e infinitamente triste.

3 comentários:

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Jacque Rodrigues disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Jacque Rodrigues disse...

Hey, eu quero saber como vc chegou ao meu blog! ahahha
Beijão, Jack.
http://jacquerodrigues.zip.net/