É melhor deixar que de nós falem os outros. Digam eles o que vai em seus corações, que nos vejam como espelhos e reproduzam seus defeitos e virtudes de uma maneira desvairada. Que falem tudo que os atemoriza, que os envergonha, que vejam em nós algo que reconhecem de algum lugar, ainda que lhes pareça inédito ou louco. Que os outros vejam em nós o que mais lhes incomoda, algo que por estar dentro deles não se permitem conhecer.
Deixe que falem de amor e amizade, de sentimentos nobres, caros, raros, e que somos importantes em suas vidas, em algum segundo de algum momento que chega e passa. Deixa aos outros a tarefa de definir e rotular, a nós cabe o sorriso infantil, por não nos vermos nesses personagens, por sermos todos... na mesma intensidade de jamais ter sido algum.
Se eu fosse, seria então quem voce nunca viu, quem voce nunca entendeu, quem voce mais amou mesmo sem saber por quê. Quem andou com você numa praia distante e viu um sol se por, dando lugar às estrelas que incendiaram a noite e afugentaram a solidão.
Mas não... eu não sou, apenas pareço.