Aquela rua tinha algo de especial, talvez fosse o bosque. E um nome estranho: solidão. Na primeira vez que entrei, nem reparei o quanto o portão parecia antigo. Havia limo em toda a extensão, o verde e o marrom se mesclavam como uma sinfonia de cores e épocas distintas. Um portão eterno para algum lugar, qualquer lugar, todos os lugares...
Quantas vezes andei por esses jardins e árvores, que raramente deixavam os raios dourados tocarem o solo? Era perfeito ver a manhã passar, às vezes lenta, às vezes rápida demais, como um momento divertido, um sorriso fugaz, como os sete anos. E no vento que soprava, quase podia tocar a tarde, que chegava de repente e parecia um velho amigo, daqueles com quem podemos perder, ganhar, um dia inteiro. Mas, sempre vinha a noite, enganando com o brilho das primeiras estrelas, que tinha o olhar dos amores que deviam ser para sempre. E quem disse que que não foram?
Percebi movimentos numa calçada, que corria como uma trilha no meio do bosque. Perguntava quem teria colocado aquelas pedras brilhantes no caminho. Só então, percebi...eram diamantes! Não havia rotina naquela profusão de tons, semi-tons, degradées de azul e verde, vermelho e laranja. E não cansando os olhos, as pedras refletiam os desejos mais profundos, que por capricho, eram os mais simples.
Quando o frio aumentou percebi que havia algo errado, afinal, o que eu estava fazendo ali? Não havia nenhuma razão, nenhum compromisso inadiável, nenhuma viagem de negócio. Eis a resposta: eu andava por aquele caminho porque não havia motivo, porque ninguém disse para fazê-lo.
Senti uma saudade enorme das coisas que passaram, das palavras ditas, dos olhos que sorriam pelo simples prazer da existência. Era como se cada planta daquele bosque contasse uma história sobre o que teria acontecido se eu não tivesse dito, ou feito, as coisas do jeito que me lembrava. Fiquei diferente a cada futuro, todos com seus pontos de interseção. Então, para cada caminho, sobravam dúvidas. O futuro seria, outra vez, e sempre, de saudades. A busca incessante por completar uma história sem fim.
Uma tristeza me tocou, de leve. Foi aí que ouvi uma voz soprar meu nome. Como nunca antes. Era como se, de repente, o acaso dos dias passasse a fazer todo o sentido do mundo. Virei rápido e a vi sentada, sorrindo. Os cabelos dourados tinham um brilho especial, um por-de-sol que só acontece quando o coração está na primavera. Os olhos azuis eram uma armadilha, um oceano. "Senta aqui", ela disse.
Conversamos sobre a vida, o que nós fazemos dela, das desculpas que criamos para que a felicidade esteja sempre presa a um futuro, um plano para amanhã. E nunca é amanhã. Ela continuava sorrindo, por que queria? Por que não? Três... quatro estrelas riscaram o céu. Quando dei por mim, estávamos de mãos dadas, caminhando. Caminhando para algum lugar, para lugar nenhum, para todos os lugares.
O bosque parecia, então, sem fim, e quando seu rosto tocou o meu, tudo ficou estranho. Sabia que nunca mais poderia deixar aquele verde incessante, não escaparia daquele azul que me fitava de um jeito tão sincero que causava espanto. "Por que roubastes o meu coração?", perguntei. "Porque tu roubastes o meu também", ela disse.
Quantas vezes andei por esses jardins e árvores, que raramente deixavam os raios dourados tocarem o solo? Era perfeito ver a manhã passar, às vezes lenta, às vezes rápida demais, como um momento divertido, um sorriso fugaz, como os sete anos. E no vento que soprava, quase podia tocar a tarde, que chegava de repente e parecia um velho amigo, daqueles com quem podemos perder, ganhar, um dia inteiro. Mas, sempre vinha a noite, enganando com o brilho das primeiras estrelas, que tinha o olhar dos amores que deviam ser para sempre. E quem disse que que não foram?
Percebi movimentos numa calçada, que corria como uma trilha no meio do bosque. Perguntava quem teria colocado aquelas pedras brilhantes no caminho. Só então, percebi...eram diamantes! Não havia rotina naquela profusão de tons, semi-tons, degradées de azul e verde, vermelho e laranja. E não cansando os olhos, as pedras refletiam os desejos mais profundos, que por capricho, eram os mais simples.
Quando o frio aumentou percebi que havia algo errado, afinal, o que eu estava fazendo ali? Não havia nenhuma razão, nenhum compromisso inadiável, nenhuma viagem de negócio. Eis a resposta: eu andava por aquele caminho porque não havia motivo, porque ninguém disse para fazê-lo.
Senti uma saudade enorme das coisas que passaram, das palavras ditas, dos olhos que sorriam pelo simples prazer da existência. Era como se cada planta daquele bosque contasse uma história sobre o que teria acontecido se eu não tivesse dito, ou feito, as coisas do jeito que me lembrava. Fiquei diferente a cada futuro, todos com seus pontos de interseção. Então, para cada caminho, sobravam dúvidas. O futuro seria, outra vez, e sempre, de saudades. A busca incessante por completar uma história sem fim.
Uma tristeza me tocou, de leve. Foi aí que ouvi uma voz soprar meu nome. Como nunca antes. Era como se, de repente, o acaso dos dias passasse a fazer todo o sentido do mundo. Virei rápido e a vi sentada, sorrindo. Os cabelos dourados tinham um brilho especial, um por-de-sol que só acontece quando o coração está na primavera. Os olhos azuis eram uma armadilha, um oceano. "Senta aqui", ela disse.
Conversamos sobre a vida, o que nós fazemos dela, das desculpas que criamos para que a felicidade esteja sempre presa a um futuro, um plano para amanhã. E nunca é amanhã. Ela continuava sorrindo, por que queria? Por que não? Três... quatro estrelas riscaram o céu. Quando dei por mim, estávamos de mãos dadas, caminhando. Caminhando para algum lugar, para lugar nenhum, para todos os lugares.
O bosque parecia, então, sem fim, e quando seu rosto tocou o meu, tudo ficou estranho. Sabia que nunca mais poderia deixar aquele verde incessante, não escaparia daquele azul que me fitava de um jeito tão sincero que causava espanto. "Por que roubastes o meu coração?", perguntei. "Porque tu roubastes o meu também", ela disse.